Aqui há uns
tempos fui a um workshop de escrita
criativa do Pedro Chagas Freitas. Já afirmei mais do que uma vez que não é um
dos meus escritores preferidos mas a verdade é que o workshop foi muito interessante, sendo ele uma pessoa cativante e
fácil de ouvir. E a verdade é que, não gostando de tudo o que escreve, gosto de
várias coisas e até posso dizer que me identifico com algumas. Uma das frases
que retive do escritor em causa é a já muito lida “Não é parar que é morrer; é
ir andando”. Não poderia concordar mais com essa frase. No fundo esta máxima
acaba por descrever bem a minha forma de ser e estar na vida. Gosto de pessoas
sonhadoras. Pessoas que possuem mais a cabeça nas nuvens que os pés na terra.
Pessoas que acreditam que a vida pode e deve ser melhor que a que têm neste
momento. Pessoas que têm objetivos, que não se acomodam e que lutam por eles.
Pessoas que procuram fugir das rotinas. Pessoas que vão de peito aberto para a
guerra porque acreditam na sua luta pessoal. Pessoas que acreditam que as
hipóteses são mínimas mas que, ainda assim, têm fé nas ínfimas possibilidades
que se apresentam e creem que elas são razão suficiente para seguir em frente e
atingir um resultado positivo.
Por isso abomino
pessoas acomodadas. Pessoas que vivem um dia atrás do outro sem esperar nada da
vida. O típico “vamos andando”. Pessoas que se limitam a viver…ou, diria
melhor, a sobreviver. O ir andando mata devagarinho, retira gostos, vontades e
cores. O mundo passa a ser cinzento. Como se uma neblina cobrisse tudo o que se
encontra nele. Os raios de luz passam a ser cada vez menos na vida dessas
pessoas que “vão andando”, acumulando dias sem cor. Os dias, esses, mais não
são que uma longa sucessão de “coisas poucas” ou de nadas. Uma linha contínua,
sem altos e baixos. E por não haver luz nem cor são pessoas que começam a ver o
mundo a preto e branco. Provavelmente será essa uma das razões pelas quais se
tornam intolerantes a tudo o que possa soar a boa disposição, a cor, a vida.
É verdade que viver
a 100%, sem medos, sem rotinas, sem “vamos andando”, lutando para ser feliz, é
difícil. Obriga-nos, constantemente, a sair da caixa. Obriga-nos a desafiar o
sentimento de aconchego e bem-estar que as rotinas nos dão. Deixa-nos muitas
vezes com a sensação de estar próximo do precipício. Por vezes, viver desta
forma até custa e dói. Avançamos com tudo para a guerra mas vamos de peito
aberto. E por isso somos feridos. Feridas imensas que custam a passar mas…entre
o nunca ter vivido estas situações ou vivê-las e ficar ferido, qual será a
melhor opção? Na forma como eu vejo as coisas, há que vivê-las e vivê-las a
100%. Há que lutar. Há que expor o corpo às balas, esperando sempre o melhor. E
se o melhor não chegar, sentar, lamber as feridas, curá-las e voltar para a
guerra! Penso que só assim a vida poderá trazer coisas coloridas, intensas e
verdadeiras. E são esses momentos intensos e verdadeiros que fazem a vida valer
a pena e que lhe dão cor.
Li uma vez um
artigo que referia os cinco arrependimentos mais comuns das pessoas à beira da
morte. Lembro que grande parte das pessoas se arrependia de não ter aproveitado
a vida da forma que queria, tendo vivido da forma que os outros queriam.
Passavam também por não se terem permitido serem felizes (porque, muitas vezes,
procuramos fazer felizes os outros esquecendo-nos de nós próprios).
Por isso, tiro o
chapéu aos sonhadores! A quem tem a força de vontade de jogar tudo para o alto
e de aproveitar a vida como bem lhe apetece. A quem tem coragem de desafiar as
convenções, desafiar as leis do bom senso. A quem, contra todas as evidências,
segue em frente com o firme propósito de procurar a felicidade. A quem não tem
medo da guerra. A quem não tem medo de ser ferido. A quem não tem medo de ser
apontado pelas pessoas cinzentas ditadoras de regras. A quem procura ser feliz
a todo o custo. A quem sabe que a vida é um bem demasiado precioso para a
deixar seguir entre lentas rotinas e episódios mornos. A quem sonha e abraça o
mundo com tudo o que ele tem para lhes oferecer e consome a vida à boca cheia!
Tiro-lhes o
chapéu e afirmo que são eles quem merece uma vida cheia e transbordante porque
lutaram por ela! Porque não se limitaram a sobreviver. A eles apresento todo o
meu respeito. O mundo precisa de mais gente assim. Sonhadores precisam-se!!!
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