Se bem se lembram, tinha criado um desafio a mim própria. Escrever um conto partindo dos versos de uma canção. O conto partiria desses versos procurando contar uma história diferente da mensagem veiculada pela letra da canção inicial. Este é o segundo resultado desse desafio.
Os versos, desta feita, foram retirados do "Espaço Impossível" de Tiago Bettencourt e Mantha, aceitando a proposta do Raul Tomé!
A foto é da autoria do David Costa. Podem visitar o trabalho dele em: http://olhares.sapo.pt/DavidMOCosta/ ou em https://www.instagram.com/david_mo_costa/
Enjoy!
“…queres o espaço impossível,
queres arder o que apagou,
queres a escolha que passou.
Mas tudo é o que tem que ser, tudo flui ou te faz crescer…”
queres a escolha que passou.
Mas tudo é o que tem que ser, tudo flui ou te faz crescer…”
Tiago Bettencourt e Mantha.: O Espaço Impossível
Reencontros…
Henrique abriu os olhos
devagarinho, espreguiçou-se com gosto e voltou a fechar os olhos, aproveitando
o aconchego da cama quente, ouvindo lá fora a chuva a cair. Pensou de si e para
si que era ótimo ser domingo e poder aproveitar este momento de calmaria, sem
ter a urgência de levantar logo e iniciar as rotinas diárias antes de ir
trabalhar. Contudo, ainda de olhos fechados, sentiu que o seu cérebro
entorpecido pelo sono ia começando lentamente a trabalhar e deu por si a
repensar esta ideia de que era domingo…seria mesmo? A dúvida tinha surgido…pegou
no telemóvel…e com um sobressalto percebeu várias coisas ao mesmo tempo: não
era domingo mas sim segunda-feira, ele não tinha tempo para estar ali a
espreguiçar-se, pelo contrário estava muitíssimo atrasado e, para piorar tudo,
estava um dia de chuva o que atrasava sempre o trânsito. Levantou-se num ápice
enquanto pensava que não poderia haver pior forma de acordar e pior forma de
começar a semana. Com toda a velocidade que lhe permitia o corpo, levantou-se,
tomou banho, vestiu-se o mais depressa que pôde, lançou-se para a rua a correr,
tentando proteger-se tanto quanto possível da chuva, enquanto tentava abrir o
carro o mais depressa possível. Ok…já estava seguro dentro do carro…agora é só
esperar que o trânsito não estivesse tão caótico como era de esperar num dia de
chuva torrencial… E…o impensável aconteceu: Henrique pôs a chave na ignição,
tentou ligar o carro e…nada…apenas um tenebroso click quando dava à chave! Não podia ser! Segunda-feira, dia de
chuva torrencial, atrasado em virtude de não ter ouvido o despertador e ter
adormecido e com o carro avariado? O que mais lhe poderia acontecer? Tentando
não ceder à raiva e ao sentimento de impotência, chamou um táxi que o levasse,
o quanto antes à estação de comboio para, finalmente, chegar ao seu local de
trabalho. Eventualmente seria esse o melhor meio de transporte para chegar ao
seu destino… Com sorte, não teria mais que uma hora de atraso…tentaria
compensar na hora de almoço. Não seria fácil livrar-se de uma boa reprimenda. A
famosa pontualidade britânica era, efetivamente, uma característica destes
ingleses. Um ano e meio depois de viver em Londres e ainda não conseguia ser
tão pontual quanto eles eram…
Quarenta e cinco minutos depois, Henrique
conseguia entrar numa carruagem já bem carregada de gente de ar cansado
(alguns), carrancudos (outros), aborrecidos (quase todos) e, finalmente sentindo
que podia descansar por pelo menos uma hora – o tempo que a viagem costuma
levar – procurou lugar onde se sentar. Avistou um lugar vago junto a uma
senhora que olhava pela janela, observando, provavelmente, as movimentações dos
passageiros no cais de embarque. Depois de um “excuse me” sentou-se…e no momento em que a senhora se virou para
lhe fazer um pequeno sorriso indicando que estava à vontade para se sentar, uma
vez que o lugar estava vago, o mundo de Henrique parou. Algo estava
completamente errado naquela imagem ou ele estava a ter alucinações! Poderia
ser…não, não podia ser…mas parecia mesmo a Cláudia. O ar de espanto dela
indicou-lhe que ele não estava enganado. Não parecia a Cláudia! Era,
efetivamente, a Cláudia! Mas como…ali? Num comboio? A caminho de Londres? As
perguntas bailavam-lhe na cabeça mas não lhe chegavam à boca. E ele continuava
com aquele ar espantado a olhar para ela. Digamos de passagem que a Cláudia
também parecia imensamente surpreendida. Até que, finalmente, as perguntas (de ambos)
saíram numa torrente! “Tu?”; “Aqui?”; “O que fazes aqui?” Enquanto as perguntas
saíam em borbotões, os olhos de ambos sorriam e, naturalmente, os braços se
levantaram para os corpos se unirem num abraço apertado. Que reencontro tão
inesperado e tão bom! Só depois de se sentirem naquele abraço apertado é que
passou pelas mentes de ambos que aquele gesto já não devia ser natural. Há quase
dois anos que se tinham separado…e não tinham ficado propriamente amigos. Mas o
instinto e a vontade do abraço fora mais rápido que o ressentimento que ainda poderia
existir entre eles.
Henrique e Cláudia tinham uma
longa história juntos. Conheceram-se ainda no infantário. Nesse tempo eram
inseparáveis. Todas as brincadeiras era para se terem em conjunto. Todos os
momentos eram os ideais para estarem juntos. Gostavam genuinamente da companhia
um do outro, quer fosse na hora da leitura, na hora do almoço, ou nas
brincadeiras de rua. Adoravam-se. Existia mesmo nas gavetas dos pais de ambos
uma fotografia em que, num abraço apertado, tinham trocado o primeiro beijo,
que tinha sido capturado na hora, pela educadora. Um beijo inocente, claro, mas
não deixava de ser o primeiro beijo deles. E cresceram assim, indissociáveis, no
infantário, passando posteriormente pelo primeiro ciclo. Mantiveram essa forte
união durante os quatro anos que levou o primeiro ciclo. Colegas de mesa,
quando a professora o permitia, continuavam a ter brincadeiras juntos, apesar
de a Cláudia por vezes escolher as brincadeiras das meninas e o Henrique as
brincadeiras dos meninos. Ainda assim, encontravam sempre um espacinho durante
os seus dias para partilharem os seus segredos, as suas histórias, os seus
medos e vontades. Cresceram como os melhores amigos e gostavam genuinamente um
do outro.
Quando seguiram para o quinto ano,
começou a criar-se uma pequena cisão. Cláudia aparentava ter crescido muito
depressa, parecia dar os primeiros passos numa adolescência que tardava a
chegar em Henrique. Começou a olhá-lo como uma criança para a qual ela não
tinha paciência. E assim, paulatinamente, foram criando novas amizades, cada um
para seu lado, raramente conversando um com o outro. O início do sétimo ano
ditou a mudança de escola para ambos e deixaram de ser ver definitivamente.
Reencontraram-se no décimo ano. Ambos
tinham mudado bastante, como seria de esperar. Do Henrique que Cláudia
conhecia, só lhe reconhecia a cor do cabelo, um castanho quase negro e os
olhos, cor de mel, sempre risonhos. De resto…o menino deixara espaço ao homem,
de voz rouca, com barba a despontar. Estava bem mais alto, quase demasiado
alto…nem parecia caber na sua própria pele. Mantinha-se bonito, pensou ela.
Quanto a Cláudia, Henrique considerou que mantinha a mesma cara de menina de
nariz arrebitado. O mesmo cabelo indomável, a boca sempre entreaberta num
sorriso. Já o corpo…o corpo apresentava as formas de uma mulher…de uma bela
mulher, pensou. Desse reencontro ao namoro, propriamente dito, decorreram pouco
mais do que alguns dias. Passaram a ser um dos parzinhos românticos do liceu.
Todos os conheciam. Nos intervalos, onde estava um, estava o outro. Descobriram
o amor físico um com o outro. Pode-se dizer que se amavam de verdade. Eram um
casal modelo e todos acreditavam que, terminado o décimo segundo ano, a escolha
natural seria continuarem juntos, viver juntos ou até, quem sabe, casar. Foram
três anos maravilhosos. Cláudia sentia que tinham sido feitos um para o outro.
Pensava num futuro a dois com Henrique ainda que soubesse que cada um tinha
projetos muito diferentes. Sempre que a preocupação com o futuro surgia pensava
nas palavras de uma cigana que se tinha cruzado com eles na rua. A cigana
olhara para eles, tinha-os abençoado e, focando o olhar nos olhos de Cláudia
dissera: “se duas pessoas estão
destinadas a serem uma da outra, o Universo irá sempre encontrar uma forma de
os juntar. Elas nada são uma sem a outra, porque uma completa a outra. Alguns
laços são inquebráveis. Podem ficar mais soltos, através do tempo, através do
espaço, por caminhos que não podem ser previstos…mas a Natureza arranjará sempre
uma forma de os estreitar, reunindo aqueles que estão destinados a estar
juntos…”. Henrique, mais pragmático, riu dessa profecia da cigana. Sabia de
antemão que ela diria isso a todos os casais que se cruzavam com ela. Já
Cláudia ficou bastante impressionada com as palavras da velha cigana que lhe
pareciam tão cheias de verdade e de certezas. E sempre que se sentia mais
insegura na sua relação, relembrava as palavras da velha cigana.
A separação deu-se, de um modo, diria, quase
sereno. Terminado o décimo segundo ano, e apesar de gostarem muito um do outro,
perceberam que tinham objetivos diferentes. Cláudia queria seguir para a
universidade. Toda a vida se tinha preparado para esse momento. Era uma mulher
das letras. Queria ser jornalista. Como tal, a faculdade e um curso de
comunicação eram o seu caminho mais óbvio. Já Henrique…ainda não sabia bem o
que queria seguir. Trabalhar na publicidade seria interessante…mas também no
desporto…quem sabe, na gestão. A verdade é que Henrique não sabia bem o que
queria da vida. E por isso decidiu que queria usufruir daquilo que vulgarmente
se chama de gap year. Pretendia ter
um ano só para ele para poder viajar e conhecer a Europa, de mochila às costas.
Não há dúvidas que ele era bem mais aventureiro que Cláudia… E assim, os
caminhos de ambos se separaram. Convenhamos, quais eram as possibilidades de um
namoro de liceu se manter ao longo dos tempos? Um ano depois Henrique voltou e
ingressou numa faculdade, num curso de Marketing e Publicidade. Durante o ano
em que esteve ausente foram conversando sobre os países que ele visitava e
sobre as aventuras de Cláudia enquanto caloira. Contudo, a paixão foi
esmorecendo aos poucos e cada um acabou por fazer o seu curso e seguir a sua
vida mantendo apenas uma doce lembrança daquela relação.
Reencontraram-se numas férias, tendo
ambos regressado à pequena vila que os vira nascer, para uns dias de descanso:
ela, vinda de uma redação de jornal do Porto, e ele, de uma agência de
publicidade, em Lisboa. E, por mais que cada um tivesse tido outras relações ao
longo daqueles anos, e apesar de ambos se aproximarem da trintena, a verdade é
que nunca se tinham sentido completos com outra pessoa. Ambos sentiam que a
separação tinha criado um vazio que dificilmente poderia ser preenchido. Decidiram
tomar um café para pôr a conversa em dia…e conversaram; e tomaram banhos na
velha ribeira que os tinha acolhido desde crianças; e viram o nascer e o por do
sol junto às velhas casas que tinham sido dos seus avós; e partilharam almoços,
e jantares e até pequenos-almoços. Reencontraram-se em todas as aceções da
palavra. E o amor que sempre os uniu voltou a adquirir força no peito de um e
outro. Um amor que eles sentiam mais maduro. Cláudia continuava a pensar nas
palavras da velha cigana “se duas pessoas
estão destinadas a serem uma da outra, o Universo irá sempre encontrar uma
forma de os juntar…” e cada vez acreditava mais que eram verdadeiras.
Terminados os dias de férias continuaram a ver-se e, com a naturalidade
inerente às almas que se amam verdadeiramente, decidiram partilhar a vida um do
outro. Nos primeiros tempos, ainda que um estivesse em Lisboa e outro no Porto,
estavam juntos sempre que a vida o permitia. E foram felizes. Muito felizes
durante dois anos. Ou pelo menos Cláudia assim pensava. Henrique conseguira transferência
da empresa para a qual trabalhava para uma sucursal no Porto, partilhavam o
pequeno apartamento de Cláudia com o gato Nicolau, tinham uma vida social
razoável e entendiam-se bem. Raramente discutiam, tinham adquirido uma rotina
que lhes dava algum aconchego. Sim, Cláudia era feliz nesta sua vida sem
grandes sobressaltos. Talvez por isso não tivesse notado que os silêncios de
Henrique se iam tornando maiores, que o seu ar ia ficando cada vez mais
carregado, o semblante menos feliz. Henrique não apreciava rotinas. Sentia que
tinha muito para viver e que se estava a prender a uma situação que lhe estava
a cortar as asas. Sentia-se sufocar. Chegava a ter medo de que Cláudia
manifestasse vontade de engravidar. Esse seria mesmo o fim da sua liberdade!...
Apesar dos seus 30 anos, Henrique sentia que não tinha maturidade suficiente
para se manter nessa relação. Queria conhecer muito mais do mundo. Queria
trabalhar no estrangeiro!...
Tomou coragem e, num dia em que
ele próprio preparou o jantar, desabafou a Cláudia o que lhe ia no coração.
Falou do seu jeito de ser livre. Falou da sua falta de maturidade para a
relação que tinham naquele momento. Falou no quanto foi feliz no meio de tantos
encontros e reencontros. Falou na esperança que um dia se voltassem a
encontrar, com o coração mais feliz e a mente mais madura. Falou na vontade de
um dia se reencontrar com uma vontade maior de lutar por aquela relação…e falou
sobretudo, da sua necessidade de sair dali, daquela casa, daquela relação,
daquele trabalho, da sua necessidade de levantar voo. Terminou dizendo que ela
era a mulher que ele amava. E, apesar do sofrimento imenso que ela sentia
naquele momento, acreditou nele. Cláudia sentiu tanta verdade naquelas palavras
que mais não pode fazer senão deixá-lo ir…sem palavras e sem recriminações. De
coração partido.
Todo esse passado passou pela
mente de Henrique e Cláudia à velocidade da luz enquanto durava aquele abraço.
E foi como se se tivessem visto no dia anterior. A vontade de partilhar ideias,
sonhos, pensamentos tinha regressado com toda a sua força. Henrique observava o
rosto de Cláudia iluminado enquanto lhe contava que tinha decidido partir à
aventura. Sempre fora tão ponderada, prudente e cautelosa…cansara-se disso. O
primeiro passo para a mudança tinham sido estas férias: uma semana, sozinha, em
Londres. Estava há dois dias a visitar a cidade e estava a adorar. E mais uma
vez as palavras da cigana lhe acudiram à mente. Quais eram as possibilidades de
ela encontrar o Henrique ali, naquele comboio? Ela que nem sabia que ele trabalhava
em Inglaterra! Combinaram encontrar-se à noite para jantar, pôr a conversa em
dia. Henrique prometeu ser o anfitrião de Cláudia. Como tal, exigiu uns dias de
férias em atraso que lhe eram devidos e decidiu viver intensamente esta
oportunidade que a vida lhe estava a oferecer. E assim aconteceu. O jantar
transformou-se em várias visitas guiadas: visitaram o Palácio de Westminster, o
Palácio de Buckingham, passearam por Trafalgar Square, por Hyde Park e, aquando
das emoções sentidas no London Eye, lá bem nas alturas, trocaram o beijo em que
ambos pensavam desde que se tinham reencontrado naquele comboio. Cláudia tinha
decidido viver aquela semana com todas as emoções que ela lhe poderia trazer.
Não havia dúvidas que esse reencontro com Henrique tinha tornado as suas férias
bem melhores do que ela poderia alguma vez ter pensado. Henrique também não
pensava no dia de amanhã. Queria viver aquele momento a 100%. Sem dúvida que se
existia uma “mulher da sua vida” essa seria a Cláudia. Tantos rompimentos, tantos
afastamentos e, sempre que a via, sentia como que a calmaria no seu coração,
como se a alma reencontrasse algo há muito perdido.
Na noite antes do regresso de
Cláudia a Portugal o jantar foi servido em casa do Henrique. Fez questão de lhe
mostrar que não tinha esquecido a boa gastronomia portuguesa e serviu-lhe um
delicioso bacalhau à Gomes de Sá. O jantar foi delicioso e o ambiente estava
quente, aconchegante. Cláudia exibia um certo ar de nostalgia, pensando no
regresso a Portugal. E Henrique encheu-se de coragem e proferiu apenas uma
palavra: “Fica”…
De todas as reações que Henrique
poderia esperar, aquela a que assistiu foi a menos esperada. Cláudia esboçou um
sorriso triste e disse-lhe: “…queres o espaço impossível, queres arder o que apagou,/queres a escolha que passou./Mas tudo é o que tem que
ser, tudo flui ou te faz crescer…”. Nunca
pensei, continuou ela, que este versos do “Espaço Impossível” me fizessem tanto
sentido quanto hoje…E perante o ar incrédulo dele esclareceu que não havia mais
espaço para aquela relação que ele tinha terminado de forma tão abrupta dois
anos antes. Não havia mais possibilidade de serem felizes, a vez deles tinha
passado… Aquele reencontro tinha sido ótimo, ele seria sempre uma pessoa
especial para ela. Era um reencontro que tinha de acontecer para ela ter tempo
de se despedir, para pôr um ponto final naquilo que para ela tinham sido umas
reticências e para poder continuar a fluir na vida. Henrique ficou sem
palavras, em silêncio, com a mágoa no olhar… Cláudia levantou-se, chamou um
táxi, e voltou para o seu hotel…com lágrimas nos olhos, é certo, mas em paz…
Voltou para Portugal,
para uma vida que lhe pareceu, subitamente sombria, cinzenta, sem alma e sem
cor…Tinha voltado sem ânimo. Pensava e repensava a sua vida, o seu presente, o
seu passado, o que poderia ser o seu futuro. E mais uma vez, enquanto observava
o vazio, lhe vieram as palavras da cigana à mente “se duas pessoas estão destinadas a serem uma da outra, o Universo irá
sempre encontrar uma forma de os juntar”. E desta vez Cláudia decidiu tomar
o seu destino em mãos. Em dois tempos tinha um bilhete para Londres.
Era domingo. Henrique abriu os
olhos devagarinho, espreguiçou-se com gosto e voltou a fechar os olhos,
aproveitando o aconchego da cama quente, ouvindo lá fora a chuva a cair. Pensou
de si e para si que era ótimo ser domingo e poder aproveitar este momento de
calmaria, sem ter a urgência de levantar logo e iniciar as rotinas diárias
antes de ir trabalhar. Ouviu bater à porta. “Quem poderia ser?” Levantar-se para
abrir a porta não estava nos seus projetos. Mas a insistência era tanta…algum
vizinho com problemas? Melhor ir ver mesmo o que se passava. Abriu a porta e…
lá estava a Cláudia, à sua porta, com um sorriso tímido no rosto.
Abraçaram-se…não foram necessárias mais palavras.