Há coisas na vida que me dão um
gosto imenso. Uma delas, penso que já o disse várias vezes, é conduzir ao som
de músicas que aprecio. Poder conduzir em dias de sol, de vidro aberto (sim, ar
condicionado só mesmo em última opção) é algo que me agrada imenso. E não sei
se é fruto de conduzir quase sempre sozinha mas gosto mesmo é de o fazer sem
companhia e ao som de uma banda sonora escolhida por mim ou aguardando as
surpresas que a rádio me possa oferecer. O facto de ter alguém ao meu lado
obriga-me a, por um lado, manter conversa e, por outro lado, não ouvir com
atenção as músicas. Não é que não goste de conversar (gosto até demais) mas o
carro, enquanto eu conduzo, não é o melhor local para o fazer. O estar sozinha
permite-me por um lado, pensar na vida e traçar metas e, por outro, sempre que
tenho essa necessidade, permite-me esvaziar o cérebro e não pensar em nada de
especial. É nessas situações que procuro ouvir com atenção as músicas que
passam na rádio e consigo identificar verdadeiras pérolas nas letras das
canções. A título de exemplo relembro a música do Enrique Iglesias “Duele el
Corazon” em que ele dizia “com ele dói-te o coração e comigo doem-te os pés”
(não é maravilhosamente romântico?) ou até o famoso “despacito” que tanto se
ouve hoje e que tem estes versos que ficarão para a eternidade: “tu és o íman e
eu sou o metal”, “quero arfar para cima do teu pescoço devagarinho”,
“devagarinho quero assinar as paredes do teu labirinto e fazer do teu corpo
todo um manuscrito” (ó Deus!!), “Deixa-me atravessar as tuas zonas de perigo
até desatares numa gritaria e esqueceres-te do teu apelido” ou ainda “essa tua beleza é um quebra-cabeças
e para montá-lo aqui tenho a peça”(Isto vale ouro! Camões e Pessoa devem estar
verdes de inveja, lá no além por não terem escrito estes versos imortais) E
como estas, asseguro, que há mesmo muitas! Tudo uma questão de estar
ligeiramente atento ao que é dito a cantar!
É claro que gosto de conduzir a
ouvir música não só com o intuito de ouvir os verdadeiros poemas musicados que
andam por aí. Gosto porque conduzir e ouvir boa música relaxa-me, dá-me
energia, leva-me a lugares do passado bons de recordar, dependendo da música e
da situação.
Hoje de manhã ouvi, na M80 a “I
can´t stop loving you” dos Van Halen. Há anos que não ouvia tal música! Esta é
uma daquelas que nos dá uma energia fantástica! Impossível ouvi-la sem ter o
volume praticamente no máximo e impossível que o pé não pise mais no
acelerador. Começar a 2ª feira assim é fantástico. No mesmo rol incluiria “I
was born to love you” e “love kills” dos
Queen. “Absolute beginners” do David Bowie também tem essa influência em mim. E
muitos mais haveria para citar.
Viagens longas requerem, vá-se lá
saber porquê, música francesa. Nada como um Jean-Jacques Goldman, um Daniel
Balavoine ou, mais recentemente, um Grégoire. Cantar, alto e bom som, as
músicas de uma ponta a outra e não pensar muito na vida. Sempre ouvi esses
cantores mas desde que fui trabalhar para Albufeira que ficaram ligados a este
período da minha vida. Tal facto deve-se à quantidade de vezes que ouvi os
álbuns desses cantores nas intermináveis viagens de e para Albufeira. As boas
canções têm esse efeito. Relacionamo-las com momentos bons, momentos menos bons
ou apenas com pessoas e situações.
O fantástico cd “Bowie 70” do
David Fonseca ficará ligado, com certeza, a esta minha estadia em Avis.
A versão dos Disturbed de “The
sound of silence” está ligada, por exemplo, à minha curta estadia em Tomar. Sem
nenhuma razão aparente. Apenas porque a ouvi muitas vezes naquele período de
tempo.
O fantástico “Just breathe” dos Pearl
Jam, a “Meravigliosa creatura” da Gianna Nannini estão completamente ligados a
um tempo que passou e que deixou bons momentos e boas recordações. Sempre que
as ouço sinto um misto de nostalgia, saudade, mas também de alegria. São
músicas que fazem aflorar um sorriso aos meus lábios. Sempre. Por isso adoro
quando sou “apanhada” desprevenida por essa canções ao passarem na rádio.
Muitas recordações, muitos momentos bons. Costumo dizer que ouvi-las,
inesperadamente, é o prenúncio de um dia bom.
E depois, há aquelas cancões que, não sendo más, não
suportas. Eventualmente pelas mesmas razões apontadas para as músicas que
adoras. “Dá-me um abraço” dos Pólo Norte incomoda-me imenso. “Gosto de ti desde
aqui até à lua” do Sardet também faz parte desse lote. Nada contra os
intérpretes, nada contra a musiquinha (que nem é péssima). Apenas não gosto do
que me fazem lembrar e sentir. Portanto, sempre que tenho a pouca sorte de
passar por uma dessas canções, rapidamente mudo de estação procurando uns
Queen, uns U2, até um Miguel Araújo que facilmente me transportam para momentos
mais simpáticos e felizes da minha vida.
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