terça-feira, 7 de março de 2017

“Sou mulher…e sou pequena”
Tenho visto nas redes sociais que um energúmeno de nome Janusz Korwin-mikke, eurodeputado polaco (de extrema direita – penso que será importante referir este “pormenor/ pormaior”  para melhor compreender de que género de ser humano se trata) referiu que, e passo a citar “as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes”.
E é isto. Adoro pessoas com uma visão tão clara das coisas! É claro que as mulheres devem ganhar menos que os homens! Mas o que é isso da emancipação da mulher? O que é isso de ela trabalhar fora de casa e, ainda por cima, pôr em causa toda uma estrutura ancestral que é a da mulher depender do homem? O que é isso da mulher receber um salário mais elevado que o macho? Então, ela não é, habitualmente, mais pequena que o homem? Como pode ela receber um salário mais elevado? Toda a gente sabe que um homem de 1,90m deverá receber um salário mais elevado do que um homem de 1,70! E as mulheres?? O mesmo tem de acontecer. Receber menos que os homens e receber em função da sua altura, claro!
Aproveito  para apresentar o meu veemente protesto ao sucesso, acompanhado muitas vezes por um sucesso monetário, que algumas mulheres “minorcas” têm tido neste mundo de homens. Edith Piaf, cantora que faleceu em 1963 (imagine-se!) ainda hoje é sobejamente famosa e as suas músicas facilmente cantaroladas por muitos. A senhora era mulher para 1,47m! Como é que uma mulher tão pequena poderia ter tido tanto sucesso? Como pode ter feito carreira? Como é possível a senhora continuar a ser famosa como o é? Não haveria homens altos e espadaúdos a cantar melhor que ela e a merecer mais esta fama? E a pouca vergonha continua: Shakira e Lady Gaga, ambas senhoras famosas e que já ganharam uns tostõezinhos com a música são ambas senhoras que não chegam ao metro e sessenta de altura!
É claro que há mulheres que não são assim tão pequenas mas é óbvio que, por serem mulheres, são seres frágeis, seres mais fracos que o homem. A Marie Curie, numa época em que a ciência era dominada pelos homens, mostrou a sua fraqueza ao ver reconhecida a sua importância com a entrega de um Prémio Nobel!
E a fraqueza da Frida Kahlo? Ainda por cima aliada a uma pequena estatura (1,60m)! Estamos apenas e só perante uma das personagens mais marcantes da história do México. É sabida a “fraqueza” que esta pintora demonstrou ao longo da vida, superando os seus sofrimentos e refletindo-os na sua fantástica obra!
E no campo da fraqueza feminina, o campo onde mais a notamos é num campo tão masculino como o é a política. Relembro uma Evita Perón que tendo trabalhado como atriz e modelo, se casou com o presidente da Argentina tendo passado a lutar pelos direitos dos trabalhadores e da mulher. Uma Indira Gandhi, pensadora política brilhante, que foi primeira-ministra do seu país por duas vezes, até ter sido assassinada. Sublinho que foi a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do governo indiano. Uma Benazir Bhutto, que também foi a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra de um país muçulmano, o Paquistão, até que, também ela, foi assassinada.
E por fim, como não falar na pequena grande Malala Yousafzai? A pessoa mais nova a receber um prémio Nobel. E porquê? Por ser, também ela, um ser frágil que luta pela defesa dos direitos das mulheres e do acesso à educação.
Apenas citei alguns exemplos de mulheres mundialmente famosas que demonstram que, efetivamente, estas mulheres não merecem ser reconhecidas uma vez que são mais débeis e bem menos inteligentes que os homens com quem lidaram.
E perante tanta injustiça concluo que deveríamos voltar a dar ouvidos à velhinha Teoria das Bossas, a Frenologia, que defendia existir uma relação entre a estrutura do crânio e o caráter das pessoas e, também, com a sua capacidade mental. A “inspeção, através da visão, do crânio, informava-nos sobre as capacidades reais das pessoas. Não seria bem melhor usá-la? Partindo do princípio que as mulheres são menos inteligentes e menos fortes, teriam, obviamente, um salário mais baixo. E em seguida, decidir-se-ia o seu nível de inteligência, através da “leitura” das suas bossas. Quanto a mim, só assim estaria reposta alguma justiça neste mundo que tão favorece as mulheres.
Terminando com as ironias: Hoje é Dia Internacional da Mulher. Uma data que pretende relembrar o papel importante que a mulher tem tido na sociedade, sublinhando o seu valor, contestando e revendo os preconceitos e limitações que lhe têm sido impostos ao longo dos tempos. Com pessoas como esse Janusz Korwin-mikke mais importante se torna relembrar os grandes exemplos femininos da história e celebrar esse dia com tudo o que ele significa e representa. E, mais que tudo, importa sermos, também nós, apesar de pequenas e frágeis, exemplos de inteligência e superação dos limites impostos.

#diainternacionaldamulher; # JanuszKorwin-mikke;

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