“Sou mulher…e sou pequena”
Tenho visto nas redes sociais que
um energúmeno de nome Janusz Korwin-mikke, eurodeputado polaco (de extrema
direita – penso que será importante referir este “pormenor/ pormaior” para melhor compreender de que género de ser
humano se trata) referiu que, e passo a citar “as mulheres devem ganhar menos
do que os homens porque são mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes”.
E é isto. Adoro pessoas com uma
visão tão clara das coisas! É claro que as mulheres devem ganhar menos que os
homens! Mas o que é isso da emancipação da mulher? O que é isso de ela
trabalhar fora de casa e, ainda por cima, pôr em causa toda uma estrutura
ancestral que é a da mulher depender do homem? O que é isso da mulher receber
um salário mais elevado que o macho? Então, ela não é, habitualmente, mais
pequena que o homem? Como pode ela receber um salário mais elevado? Toda a
gente sabe que um homem de 1,90m deverá receber um salário mais elevado do que
um homem de 1,70! E as mulheres?? O mesmo tem de acontecer. Receber menos que
os homens e receber em função da sua altura, claro!
Aproveito para apresentar o meu veemente protesto ao
sucesso, acompanhado muitas vezes por um sucesso monetário, que algumas mulheres
“minorcas” têm tido neste mundo de homens. Edith Piaf, cantora que faleceu em
1963 (imagine-se!) ainda hoje é sobejamente famosa e as suas músicas facilmente
cantaroladas por muitos. A senhora era mulher para 1,47m! Como é que uma mulher
tão pequena poderia ter tido tanto sucesso? Como pode ter feito carreira? Como
é possível a senhora continuar a ser famosa como o é? Não haveria homens altos
e espadaúdos a cantar melhor que ela e a merecer mais esta fama? E a pouca
vergonha continua: Shakira e Lady Gaga, ambas senhoras famosas e que já
ganharam uns tostõezinhos com a música são ambas senhoras que não chegam ao
metro e sessenta de altura!
É claro que há mulheres que não
são assim tão pequenas mas é óbvio que, por serem mulheres, são seres frágeis,
seres mais fracos que o homem. A Marie Curie, numa época em que a ciência era
dominada pelos homens, mostrou a sua fraqueza ao ver reconhecida a sua
importância com a entrega de um Prémio Nobel!
E a fraqueza da Frida Kahlo?
Ainda por cima aliada a uma pequena estatura (1,60m)! Estamos apenas e só
perante uma das personagens mais marcantes da história do México. É sabida a
“fraqueza” que esta pintora demonstrou ao longo da vida, superando os seus sofrimentos
e refletindo-os na sua fantástica obra!
E no campo da fraqueza feminina,
o campo onde mais a notamos é num campo tão masculino como o é a política.
Relembro uma Evita Perón que tendo trabalhado como atriz e modelo, se casou com
o presidente da Argentina tendo passado a lutar pelos direitos dos
trabalhadores e da mulher. Uma Indira Gandhi, pensadora política brilhante, que
foi primeira-ministra do seu país por duas vezes, até ter sido assassinada. Sublinho
que foi a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do governo indiano. Uma
Benazir Bhutto, que também foi a primeira mulher a ocupar o cargo de
primeira-ministra de um país muçulmano, o Paquistão, até que, também ela, foi
assassinada.
E por fim, como não falar na
pequena grande Malala Yousafzai? A pessoa mais nova a receber um prémio Nobel.
E porquê? Por ser, também ela, um ser frágil que luta pela defesa dos direitos
das mulheres e do acesso à educação.
Apenas citei alguns exemplos de
mulheres mundialmente famosas que demonstram que, efetivamente, estas mulheres
não merecem ser reconhecidas uma vez que são mais débeis e bem menos
inteligentes que os homens com quem lidaram.
E perante tanta injustiça concluo
que deveríamos voltar a dar ouvidos à velhinha Teoria das Bossas, a Frenologia,
que defendia existir uma relação entre a estrutura do crânio e o caráter das
pessoas e, também, com a sua capacidade mental. A “inspeção, através da visão,
do crânio, informava-nos sobre as capacidades reais das pessoas. Não seria bem
melhor usá-la? Partindo do princípio que as mulheres são menos inteligentes e
menos fortes, teriam, obviamente, um salário mais baixo. E em seguida,
decidir-se-ia o seu nível de inteligência, através da “leitura” das suas
bossas. Quanto a mim, só assim estaria reposta alguma justiça neste mundo que
tão favorece as mulheres.
Terminando com as
ironias: Hoje é Dia Internacional da Mulher. Uma data que pretende relembrar o
papel importante que a mulher tem tido na sociedade, sublinhando o seu valor,
contestando e revendo os preconceitos e limitações que lhe têm sido impostos ao
longo dos tempos. Com pessoas como esse Janusz Korwin-mikke mais importante se
torna relembrar os grandes exemplos femininos da história e celebrar esse dia
com tudo o que ele significa e representa. E, mais que tudo, importa sermos,
também nós, apesar de pequenas e frágeis, exemplos de inteligência e superação
dos limites impostos.
#diainternacionaldamulher;
# JanuszKorwin-mikke;
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