“Nos Alive?
Recomendo!”
Nunca fui uma pessoa de
multidões. OS “ajuntamentos” assustam-me um pouco. A dramática que existe em
mim pensa sempre: “ e se acontecer aqui um problema? Uma bomba? Um acidente?
Como é que vamos sair daqui? Eu, tão “pequena natureza” (como diria o meu pai)
serei das primeiras a perecer aqui, nesta terra, rodeada de estranhos. Mas, de
tempos a tempos, consigo superar esses meus temores e lá me decido a ir a um
concerto ou a um festival. E a verdade é que, quando o faço raramente (ou
nunca) me sinto defraudada. Foi o caso com o Nos Alive, este fim-de-semana. Desde
janeiro que o bilhete para o dia 8, o “Dia Depeche Mode” estava comprado mas
assumo que não estava com grande ansiedade à espera do grandioso dia. O
lufa-lufa do dia-a-dia não me deixava muito espaço para pensar que no sábado
estaria a caminho do Passeio Marítimo de Algés para ouvir, entre outros, os
grande Depeche Mode. Contudo, sábado chegou e lá fui a caminho do festival acompanhada
por um punhado de bons amigos. Era a minha estreia nos Nos Alive e, à medida
que me aproximava das portas, a expetativa ia aumentando. Chegamos em horas de
visitar algumas das coisas que o festival tinha para nos oferecer. Primeira
paragem: Fado café, uma salinha, adornada de fotos de muitos dos nossos
artistas e fadistas, bem catita. Não tivemos a sorte de chegar a tempo de ver
alguém em palco mas a nossa estadia por lá foi acompanhada pela voz da Amália,
interpretando “Gaivota” o que nos fez relembrar o porquê da Amália ainda hoje
ser a Amália (aquela voz continua insuperável!)
Fomos passeando aqui e ali,
aproveitando algumas ofertas, nomeadamente, pinturas faciais, enquanto
aguardávamos pelo início dos concertos que eram a nossa verdadeira razão de ali
estar. Os primeiros a subir ao palco foram os Black Mamba. Não sou grande
conhecedora da obra deles mas o que vi foi, quanto a mim, ótimo. Boa presença
em palco, uma voz muito interessante, os coros femininos a acompanharem
magistralmente a voz principal, sons que misturam rock com blues…sim senhora,
um bom início, o público ainda não era muito e eu não me sentia claustrofóbica.
Seguiram-se os Kodaline. Não poderei julgar muito do que vi porque, assumo,
aproveitei esse espaço para ir “jantar” uma bifanazita que trazia de bónus um
croquete! Vi o final do concerto e a ideia que me ficou é que se trata de uma
banda “fofinha” com uns temas orelhudos. Não quero com isto dizer que são maus.
Pelo contrário. Acho que falta ainda alguma presença em palco mas são
simpáticos. Seguiu-se uma das atuações da noite. Assumo que tinha expetativas
em relação aos Imagine Dragons. Mas o que vi foi completamente avassalador! Um
início com um discurso antiterrorista, relembrando que o medo não vencerá, uma
energia fulgurante em palco, uma voz sem falhas a que se junta o ser um
percussionista de enorme qualidade, uma vontade de estar com o público enorme.
Uma hora de puro entretenimento enquanto se aguardava pelos cabeças de cartaz,
Depeche Mode. E chegaram! Com dois minutos de atraso (Uma das coisas que
apreciei neste festival foi o cumprimento rigoroso de horários!) Contrariamente
a muito do que se ouve, eu gostei imenso. Foram iguais a si próprios. Dave
Gahan continua com a voz que se lhe conhece que faz questão de acompanhar com os
seus movimentos de dança muito próprios. Penso que o público esperava que
apenas se cantassem velhos sucessos. Não foi o caso. Cantou-se um pouco do novo
álbum e alguns (não todos) dos velhos êxitos. Sim, aqui e ali, houve momentos
menos conseguidos mas, no geral, não defraudaram as minhas expetativas e gostei
do que vi e ouvi. Não escolheram a fórmula fácil de apenas revisitar as velhas
glórias, e isso agradou-me. Não vivem do passado, mostraram que ainda são os
velhinhos Depeche Mode mas que ainda são presente e não só passado. Claro que o
final foi em apoteose com um maravilhoso “Personal Jesus” em que todos gritavam
a plenos pulmões “Reach out and touch faith”!!
Quanto ao resto? Nada a criticar.
Parece-me que os portugueses se estão a tornar pessoas civilizadas e portanto o
lixo não se acumulava, em montanhas vergonhosas, nos cantos. Procurava-se
contentores para largar copos e garrafas. Grandes melhorias nos comportamentos
de cidadania!!… As casas de banho eram muitas, não dando lugar àquelas filas
medonhas em que perdes 45m minutos de um concerto apenas porque a natureza
chamou! Para além disso as casas de banho tinham água canalizada (a prova que Deus
existe!) Uma “praça da alimentação” de dimensões consideráveis, onde existiam
algumas opções de escolha. Espaços vários que não tive tempo de percorrer (outros
palcos, o palco da comédia…) que me pareceram igualmente interessantes! E,
acima de tudo, apesar da multidão, apesar de estar esgotado, a sensação que há
espaço para muitos mais! E para uma claustrofóbica como eu isso é essencial!
Sem dúvida um festival que merece
esgotar como esgotou. Como acabou a noite? De um modo maravilhoso que não é
permitido a todos: túnel fechado, caminhada de 20 minutos pelas IC17 (Um
privilégio) até chegar àquele ponto que, estando o túnel aberto terias percorrido
em 3 minutos. Mas considerei isso uma particularidade do Festival que me fez
soltar umas gargalhadas e queimar umas calorias!
Se aconselho? Sim! Se voltarei ao
N.Alive? De certeza que sim! Se acho que valeu a pena deslocar-me desde o
Alentejo? Não tenho a menor dúvida! Que venham mais, com esta qualidade e
organização!
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