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Em 2018 vou dizer “amo-te”
Pela
primeira vez em muitos anos não escrevi uma lista dos 12 desejos que queria ver
realizados em 2018. Assim, e aquando do tocar das 12 badaladas, pedi pouco mais
que o habitual, ainda que solicitado de forma menos minuciosa: saúde e
felicidade, para mim e para os que preenchem a minha vida. Pela primeira vez
não me apeteceu ser muito detalhada em relação ao que queria porque na verdade,
e do alto das minhas quatro décadas já vividas, sei é que, de uma forma geral, quero
ser feliz! Muito feliz!
Contudo as minhas quatro décadas passadas
foram-me ensinando algo de muito importante: não basta querer. Há que ir à luta
e sair para a guerra de peito aberto para atingir essa felicidade. Há que
seguir sem medos e, sobretudo, dizer o que queremos sem receios. E foi com o
propósito de dizer tudo, sem medos, que iniciei 2018.
Quando
adolescente tinha por hábito dizer tudo o que me passava pela cabeça. Como se
costuma dizer em bom português: não tinha
papas na língua! Contudo, olhando para trás, vejo que esta ideia de que
dizia tudo o que queria não era 100% verdadeira. Sempre tive maior facilidade
em falar das coisas que via e sentia de forma mais negativa do que propriamente
das coisas positivas. Facilmente me insurgia contra aquilo que me soava a
injustiça ou a atitudes negativas (contra mim e/ ou contra o mundo). No que às
coisas boas e aos sentimentos positivos diz respeito, sempre achei que os meus
gestos falavam por mim e, por isso, sempre tive alguma dificuldade em dizer às
pessoas “amo-te” e “gosto de ti”. A minha própria família sempre foi mais de
gestos grandiosos do que propriamente de palavras. E ainda hoje sou assim.
Tenho dificuldade em dizer olhos nos olhos às pessoas que me são tão
necessárias quanto o ar que respiro o quanto as amo, o quanto são importantes
para mim, o quanto elas são imprescindíveis para o meu equilíbrio e bem-estar.
E assumo que isso me traz, por vezes, menos bem-estar e felicidade do que
gostaria. Penso sempre que devo essas palavras àqueles que me são caros. E
devo-me isso a mim. Ainda que os gestos digam muito, o aconchego das palavras é
enorme. Olhar nos olhos de alguém e dizer o quanto ele nos é essencial é deixar
a nu um pouco da nossa alma, é baixar toda e qualquer proteção, deixando o
peito aberto às balas, ainda que confiando que nenhuma bala virá daquele lado.
É expor e entregar um pouco de nós próprios ao outro e esperar que ele faça o
melhor uso desse pedaço.
Neste ano
que aí vem vou permitir-me dizer “amo-te” e “gosto de ti” aos muitos que me são
essenciais. Vou deixar o coração e a alma nus para exprimirem o quanto amam, o
quanto querem, o quanto sentem falta, o quanto têm saudade. Porque os que amo
merecem e, sobretudo, porque eu mereço essa entrega.
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