Dia dos Namorados: os
“Sim” e os “Não”
E sim, eis que é chegado mais um
Dia dos Namorados! Dirão aqueles que estão profundamente apaixonados e
enamorados “Que maravilha! Adoro celebrar esta data! É mesmo o dia ideal para
celebrar o Amor! Sou uma fã de S. Valentim!” No sentido oposto, encontraremos, as usual, aqueles que odeiam
visceralmente o Dia de S. Valentim porque são uns solitários empedernidos,
porque estão de coração despedaçado ou apenas porque não apreciam a celebração
de dia, explicando, uma grande parte deles, que consideram que o amor deve ser
celebrado todos os dias e não apenas no Dia de S. Valentim.
No meio, encontro-me eu. Não
odeio de forma alguma este dia, mas também não posso dizer que o adoro. Há
aspetos que aprecio e, sinceramente, outros que me conseguem tirar a paciência
e quase deixar-me nauseada. Vejamos então quais são os “sim” e os “não” de
festejar este dia.
Comecemos pelos “sim”. A parte
romântica que há em mim (sim, ela existe) acha bonito esta ideia de celebrar o
amor. Gosto da lenda de Santo Valentim que está na base da celebração do dia (a
proibição do imperador Cláudio II de realizar casamentos, a fim dos seus homens
irem para a guerra sem o pensamento preso na mulher e família, a decisão de S.
Valentim de, ainda assim, continuar a realizar os casamentos às escondidas,
permitindo deste modo que os jovens apaixonados pudessem viver o seu amor).
Assumo que também gosto das atividades que se vão fazendo na maior parte das
escolas para celebrar esse dia: desde a celebração da amizade nos mais
pequeninos (abordando a importância dos afetos na vida de todos nós), à criação
de verdadeiras estações de correios para proceder à distribuição de cartões/
cartas para alguém que se gosta, em segredo ou não, à venda de “Maçãs do amor”
(Que irão ajudar os finalistas a angariar uns euros para a sua viagem de final
de ano) entre tantas outras atividades que, não só dinamizam a escola, como
levam os alunos a pensar, espero eu, sobre a importância de alguns sentimentos.
Aprecio também aquilo que é genuíno: o cartão deixado ao/ à namorada
reafirmando sentimentos, e todas as pequenas atenções que, por ser um dia
especial, se faz questão de ter. Aprecio, acima de tudo, aquelas pessoas que
aproveitam este dia para fazer um balanço acerca da importância dos sentimentos
existentes. Convenhamos, celebrar o amor, o verdadeiro, é algo de bem bonito!
Não ficamos todos comovidos quando vemos uma pessoa de mais idade a celebrar
este dia oferecendo um qualquer mimo àquela que ainda é sua amada? Não ficamos
comovidos quando os vemos a passear ainda de mão na mão? Resumindo, os “sim”
deste dia vão para a parte de mim que acredita que o amor genuíno existe em
alguns casais, vão para a importância que este dia pode ter para se “pensar o
amor” e pensar os sentimentos bons. Sim, não precisamos de um dia especial para
isso mas todos sabemos que o existirem datas especiais nos ajuda a lembrar que
temos de o fazer.
E quanto aos “Não”? São alguns,
assumo. Começando por todo o folclore que se gera à volta do dia em si. As
redes sociais serão inundadas por fotografias de “casais felizes” reafirmando o
seu profundo e eterno amor pelo seu par. E fica-nos presente a dúvida: fulano
tal queria mesmo demonstrar o seu amor à sua/seu mais que tudo ou existe uma
enorme vontade de mostrar a todos o quanto somos felizes? Até este dia nem
considerávamos o tal fulano muito romântico…As grandes manifestações de amor
deixam-me sempre com um certo gosto de falsidade, quando são feitas de um modo
tão exposto e tão público…
O aproveitamento comercial do dia,
também me causa alguma urticária. Pespega-se um coração e/ ou um I Love you (o amor em inglês fica sempre
mais romântico) em qualquer objeto e espera-se que venda. São imensos os
artefactos que inundam as superfícies comerciais com essa decoração,
apresentando um gosto duvidoso (falo do meu gosto, é claro) como sejam os
enormes peluches, as canecas, as chávenas de café, as pantufas, as camisolas…e
tudo o mais que alguém se possa lembrar! Assumo: não acho aquilo muito bonito,
falando eufemisticamente, e passaria muito bem sem essa decoração à minha
volta!
Outra coisa que me aborrece. A
impossibilidade de ir a um restaurante nesse dia. É certo que estarão todos
apinhados e, também eles, com muitas flores (na certa, rosas) e corações a
ajudar. E penso: será que jantar à luz de velas com mais 40 casais na sala,
igualmente apaixonados, será o mais romântico que poderá ser feito nesse “dia
do amor”?
E falando em restaurantes, outra
coisa que me deixa à beira da náusea: as ementas! Na ânsia de criar uma noite
romântica para os apaixonados, aposta-se numa decoração cheia de corações,
velas e flores (umas melhor conseguidas que outras) e opta-se por, na maior
parte das vezes, servir os mesmos pratos que são habituais na casa mas
alterando-lhe os nomes para algo mais “amoroso e fofinho”. As entradas vêm
quase sempre instaladas em camas românticas (a maior parte das vezes, alface).
A canja passa a “aveludado de aves apaixonadas”, a sopa de abóbora traz
“beijinhos de presunto”; o lombinho de porco passou a “miminhos com molho de
cogumelos em forno quentinho” (o que raio será o “forno quentinho”?) e até
encontrei um “supremo de peixe-galo enamorado” (Note-se que as denominações
citadas foram “pescadas” de verdadeiras ementas para este dia). Questiono-me:
será que alguém achará romântico todos estes novos nomes? Tenho as minhas
dúvidas…No que a mim me diz respeito, apresento o meu veemente NÃO a estas
denominações para coisas tão nossas como sejam a canja e um lombinho de porco
no forno!
Está aí mais um 14 de fevereiro,
mais um Dia de S. Valentim, mais um dia do amor. Para alguns será um dia
inesquecível, para outros algo próximo do pesadelo. E para muitos outros será
apenas mais um dia que passou a ser altamente marcado pela visão economicista
da data e que por isso estão fartos até à náusea das publicidades acerca desta
celebração, dos bombardeamentos nas caixas de correio acerca de “promoções a
dois” e das ideias para prendas mais ou menos pirosas, que aparecem a toda a
hora nas páginas em que navegam.
Não consigo ter uma opinião
definitiva sobre esse dia. Há prós e há contras, como vimos…De um modo ou
outro…amanhã será 15 de fevereiro…e o S. Valentim já terá terminado!
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