Pés...Há quem ame...há quem odeie!...
Eu adoro o verão. Primeiro porque
adoro calor. Adoro andar na rua e sentir o sol a bater-me nas costas. Aquele
calor sentido na pele é para lá de bom. Mas também adoro o verão porque é época
de sol, de piscina e mar, época de usar pouca roupa, época de ter um bronze
invejável – ok…isso é para os outros…eu fico ligeiramente bronzeada. É época de
férias, de ter tempo para “gastar” com aquela família que não vês muitas vezes,
aqueles amigos que estão sempre ocupados. É tempo de churrascos, de esplanadas,
de caipirinhas e de mojitos. E é
tempo, e como eu adoro isso, de usar chinelo, de usar sandália, de andar de
“pézinho” livre. Não existe verdadeiramente verão enquanto não te sentires
confortável com o pé de princesa praticamente descalço, num belo de um chinelo.
E aí está mais uma razão para eu gostar do verão: as pessoas andam de chinelos
e eu posso apreciar os pés que possam eventualmente interessar-me. Ok, sei que
isso não fez muito sentido mas vou passar a explicar. Gosto de pés. Aprecio pés
que sejam bonitos. Claro que para uma apreciadora de pés, só poderia abominar
pés feios. E sim, assumo que quando começo a revelar algum interesse por um
elemento do sexo masculino, e que o mesmo não usa chinelo, sinto algum frio no
estômago quando se coloca a primeira oportunidade de ver aquela pessoa
descalça. Se os pés forem feios? Gordos? Maltratados? Isso pode pôr em causa
qualquer interesse que se estava a manifestar…há pormenores que estragam tudo,
não é?
Para uma apreciadora de pés, as
piscinas e as praias são locais adequados ao estudo da beleza, ou da falta
dela, dos pés das várias pessoas que ali se encontram. E estava eu precisamente
nesta atividade de contemplação de pés (neste caso, os meus próprios pés)
quando comentei para as duas amigas que se encontravam comigo: “tinha uns pés
tão bonitos…a idade tudo traz…já não são tão direitos…tão perfeitos…” Qual não
foi o meu espanto quando, com um certo ar de desdém uma delas diz “Não existem
pés bonitos! Pés são das partes mais horríveis que temos no corpo!” Afirmação
essa que foi corroborada pela outra amiga que estava ali naquela tarde. Poderão
imaginar a minha cara de espanto. Eu gosto de pés. São, sem dúvida, uma das
minhas zonas erógenas. Gosto de ver pés bonitos, bem tratados e bem calçados.
Como poderia haver no mundo duas pessoas que não gostassem de pés??? Perante
essa estranha dúvida que se me impôs no espírito, comecei a questionar aqui e
ali, como quem nada quer, no meio de uma conversa e outra, as pessoas sobre o
tema em apreço. E eis o que descobri. Estamos perante uma das grandes questões
que dividem a humanidade. Ninguém é imune aos pés. Há aqueles que, como eu,
apreciam pés (desde que respondam a determinadas características). E depois há
a outra parte da humanidade que, como as minhas amigas, odeiam pés, não olham
para eles e, tenho cá para mim, evitam tocá-los. E não há volta a dar: pés ou
se amam ou se odeiam.
Eu, como disse, gosto de pés.
Gosto imenso que me façam uma boa massagem nos pés e gosto de pés bonitos. E aí
coloco o pé feminino e o pé masculino. Não aprecio “pézorros” e por “pézorro” quero falar daqueles pés que
são grandes ou muito gordos, muito reboludos. Sabiam que as sapatarias expõem
sempre o número mais pequeno do modelo do sapato na montra? É claro que
perceberam que o pé de Cinderela (e eu ostento um orgulhoso 34) é bem mais
bonito que uma base de tamanho 40!
Tanto o pé masculino como o
feminino são considerados por mim bonitos quando são direitinhos, não ostentam
joanetes, fininhos, por oposição aos gordos e reboludos (dizem que o pé fino se
chama de pé seco) e, de preferência, com uns dedos direitinhos. É claro que
isto será, digamos, a matéria prima. Nem todos foram abençoados com pés bonitos
mas podem ajudar a torná-los mais aceitáveis. Um pé tratado, sem peles secas,
amigo da pédicure será sempre, na pior das hipóteses, um pé aceitável. O
problema é que muitas vezes as visitas à pédicure não são com tanta frequência
quanto deveriam ser e assistimos a verdadeiros filmes de terror. Haverá pior
imagem que estar numa sala de espera (aconteceu-me há pouco tempo) e ter ao
nosso lado uma pessoa a abanar indolentemente a perna, oferecendo ao mundo a
imagem do seu pé meio seco no calcanhar, adornado por umas unhas com o verniz
já bastante escamado? O género fabuloso metade unha, metade verniz? É muito
feio…nesse caso, pede-se o favor de calçar um ténis ou as benditas PAEZ para
esconder esse “pézinho” feio, feio. Outro pormenor que odeio: a moda do verniz
de gel veio colmatar esse grave problema da unha escamada e maltratada! Aquele
verniz esconde tudo: desde a unha suja à unha amarela, tudo fica bonito com
verniz de gel! O problema é quando aquilo começa a crescer…assistimos a
verdadeiras unhacas, quais garras capaz de ferir alguém se o apanharem a jeito,
com uma enorme extensão branca mostrando que a unha que já cresceu. Não e não!
Isso devia dar multa!! E depois…depois há aqueles que, quando apresentados por
alguém, lançam por terra qualquer possibilidade de relacionamento. Impossível
manter sequer uma amizade (até porque o cérebro não se consegue focar em nada
mais que não seja o facto de aquela pessoa ter uns pés horrendos) que são aqueles pés a que dou o nome de “Pés
Adamastor”. Aqueles pés que têm calcanhares muito secos. Tão secos que a pele é
amarela, grossa, sempre com um aspeto sujo. Os dedos, muitas vezes, curvados,
coroados por unhas que mais parecem cascos de tão grandes e maltratadas. Por
vezes ostentam, orgulhosamente, uma micose ou outra. Verdadeiros Adamastores
que assustam qualquer pessoa que passe por perto deles. Assumo, tenho o hábito
de olhar para os pés (para as mãos também!). Por vezes, na praia, até tenho
medo de ser pisada por uma destas coisas horripilantes que servem de base de
sustentação a certas pessoas!
Por isso, volto à questão do
verão. Até nisso o verão é amigo. Conhecemos uma pessoa e não levará muito
tempo (se a pessoa não estiver de chinelos) até que possamos ver os pés da
pessoa. Não haverá lugar a surpresas desagradáveis mais tarde. Convenhamos:
haverá algo de mais terrível do que gostar de alguém e perceber, tarde demais,
que essa pessoa tem pés Adamastores? Contudo, esses, com jeitinho, poderão ser
tratados. Mas aquelas verdadeiras patas de urso que são os pés gordos,
acompanhados, muitas vezes, por deditos gordos e tristes…convenhamos, temos de
gostar muito de uma pessoa para o sex appeal não ficar altamente danificado
quando finalmente lhe descobrimos os pés! Contudo, se há amor…apenas teremos
que nos tentar habituar e aceitar que a natureza foi cruel com aquela pessoa no
que aos pés diz respeito. Pedir-lhe, ainda assim, que não deixe aquele pé gordo
se tornar num pé gordo Adamastor porque isso seria uma verdadeira visão do
inferno.
E chegados a este ponto – isto se
alguém tiver tido a coragem de ler esta crónica até ao fim – digo que tenho
certeza que estarão a olhar fixamente para os vossos pés pensando “Humm…serão
bonitos?” Por favor, não enviem fotografias em caso de dúvida!!!
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